Os sinais de alarme por detrás do termo que se vulgarizou entre os pais, muitas vezes sem razão
Tem um filho pequeno ou adolescente que anda sempre a mil à hora e com a cabeça no mundo da lua.
Chegou a colocar a hipótese de que é hiperativo. Com essas características, é possível, mas pouco provável.
Apesar de ser cada vez mais comum ouvirmos pais afirmarem que os filhos são hiperativos, os estudos estimam que 3 a 7 por cento das crianças em idade escolar sofrem de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), sendo os rapazes os mais afetados. «Verifica-se um aumento do número de casos diagnosticados, mas não porque a sua frequência aumentou. Existe apenas uma maior sensibilidade das pessoas que lidam com crianças (como pais, professores e técnicos de saúde) para estarem atentos aos vários sintomas» esclarece Mafalda Navarro, psicóloga especializada nesta área.
Os riscos do rótulo
Não estando ainda hoje totalmente definida pela comunidade científica, acredita-se que na origem desta perturbação estarão fatores como a herança genética e um ambiente propício ao seu desenvolvimento. Trata-se de «uma perturbação psiquiátrica caracterizada por um padrão constante de desatenção, hiperatividade e impulsividade, capaz de comprometer relacionamentos interpessoais e o próprio rendimento escolar», descreve Mafalda Navarro.
Uma criança ou um jovem hiperativo e com défice de atenção está longe de ser, simplesmente, alguém com bichos carpinteiros ou com a cabeça no ar, apesar de estes serem dois dos vários sintomas da PHDA. «É uma perturbação que pode ser confundida com questões próprias do desenvolvimento da criança, ou da sua educação, que poderão ser corrigidas ao longo da adolescência e vida adulta», distingue a psicóloga.
«Uma PHDA mal diagnosticada é um rótulo muito perigoso, que acompanhará a criança durante todo o seu desenvolvimento, podendo até condicioná-lo», esclarece, ainda, Mafalda Navarro, psicóloga especializada nesta área.
Como ter a certeza?
Perante a suspeita de pais e/ou educadores, a criança deverá ser avaliada por um neurologista ou psiquiatra. «A recolha de informação segue um protocolo específico, direcionado à criança, aos pais e à escola, que deverá avaliar aspetos neurológicos, neuropsicológicos cognitivos, psicossociais e familiares. Fazem-se variadíssimos testes psicológicos, exercícios de memória, provas de raciocínio matemático e concentração, por exemplo, que nos ajudarão na avaliação», afirma a especialista.
«Mas esta deve ser multidisciplinar, pois necessita da intervenção e apreciação de diferentes técnicos. Em complemento, um psicólogo usará uma bateria completa de testes psicológicos ou neuropsicológicos que complementem a informação recolhida», explica ainda.
IN http://crescer.sapo.pt/ - Acedido em 09-06-2014